Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, nasceu em Roma, em
540. O pai, Gordiano, era Senador e, como a mãe, Sílvia, pessoa muito
religiosa. De mútuo acordo Gordiano e Sílvia se dedicaram ao serviço de
Deus, ele abraçando o estado eclesiástico e ela, retirando-se à solidão,
para servir unicamente a Deus. Gordiano recebeu o diaconato e prestou
grandes serviços como Cardeal-diácono.
Gregório recebeu uma educação esmerada e distinguia-se entre
os companheiros, pelo seu saber e pela virtude. Tendo 34 anos de idade, o
Imperador Justino II nomeou-o pretor, primeiro ministro de Roma. Nesta
elevada posição deu altas provas de amor à justiça, de humildade e
piedade. Depois da morte do pai, renunciou o cargo e fundou sete
conventos: seis na Sicília e um em Roma. O seu palácio no Monte Célio
foi transformado em mosteiro beneditino. Em 575 tomou o hábito da mesma
Ordem. Como religioso, foi modelo para todos, nas virtudes da vida
monástica. Em certa ocasião viu Gregório escravos, que tinham vindo da
Inglaterra. A triste sorte desses infelizes comoveu-o profundamente e,
sabendo que a Inglaterra estava ainda mergulhada nas trevas do
paganismo, pediu e obteve licença para dedicar-se à obra da missão na
Inglaterra. Não chegara ao termo da viagem, quando uma ordem do Papa
Pelágio II, o chamou para Roma, onde foi incorporado ao Colégio dos sete
diáconos da Igreja. Pouco tempo depois, em missão extraordinária, foi
mandado a Constantinopla, de onde voltou para atender a vontade dos
companheiros de Ordem, que o tinham eleito abade. Deus, porém, tinha-lhe
reservado dignidade maior, Pelágio II, morreu em 590. A voz unânime do
povo e do clero, na eleição de um sucessor, indicou Gregório, eleição
que foi confirmada pelo império. Se bem que tudo fizesse para fugir da
grande responsabilidade de Supremo Pastor, Gregório, vendo a inutilidade
dos seus esforços, afinal aceitou a nova dignidade, curvando-se perante
a evidência da vontade divina.
O pontificado de Gregório traz o estigma da caridade. Caridoso
para com todos, era amado como um pai. Católicos hereges e judeus,
dirigiam-se-lhe cheios de confiança, certos de serem atendidos nas suas
necessidades.
O nome de Gregório está intimamente ligado à reforma do
cantochão, a música litúrgica da Igreja, que é conhecida também sob o
nome de canto gregoriano.
Ao
lado de uma caridade sem par, vemos no caráter deste grande Papa uma
firmeza admirável, na defesa da fé e dos bons costumes cristãos. Assim
se opôs energicamente às indevidas imposições do Patriarca de
Constantinopla; conseguiu do imperador a revogação de um decreto, que
excluía funcionários públicos do estado eclesiástico, e proibia aos
soldados a entrada em uma Ordem religiosa.
Embora de atividade pouco comum, no meio dos negócios
da Igreja, não perdia de vista a santificação de sua alma. – “Eu estou
pronto – assim se exprimia numa carta – para ouvir todos aqueles, que me
quiserem fazer a caridade de uma repreensão salutar; considero como
amigos só aqueles que possuírem a generosidade de indicar-me os meios de
purificar minha alma das manchas que tem”.
Amigo das ciências, procurou despertar, principalmente
entre o clero, interesse pelo estudo das mesmas. Na ignorância
reconhecida a fonte de muitas desordens.
A situação geral da Igreja não era lisonjeira, e requeria
um papa da têmpera de Gregório. Quando tomou as rédeas do governo, a
Igreja oriental estava dividida pelos erros de Nestório e Eutiques.
Gregório reconduziu muitos hereges à Igreja-mãe. A Inglaterra estava nas
trevas do paganismo; Gregório para lá mandou os primeiros missionários.
Na Espanha o arianismo conseguia implantar-se na alma da nação, graças
ao governo dos Visigodos; Gregório restabeleceu lá a fé católica em toda
a pureza. A Igreja da África foi libertada do mal dos donatistas, e a
França deve a Gregório magno a extirpação de um grande mal – da simonia.
De uma atividade admirável, Gregório Magno achou tempo ainda para
compor numerosos livros, cheios de sabedoria e santidade. Após um
pontificado abençoado de 13 anos, Gregório morreu em 604, na idade de 64
anos. Com Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerônimo é um dos
quatro doutores latinos.
O diácono Pedro, que possuía toda confiança de São
Gregório, afirma ter visto muitas vezes o divino Espírito Santo, em
forma de uma pomba branca, descer sobre o Santo Papa. É por este motivo
que a arte cristã apresenta São Gregório Magno com uma pomba branca,
pairando-lhe a cabeça.
R E F L E X Õ E S
1. De
todos os cargos, os mais penosos são os de superior. O superior que
possui, como São Gregório, humildade e caridade, considera-se o último
de todos. Não tem orgulho, que se impõe imperiosamente, extorquindo o
tributo da obediência. Um bom superior prefere pedir a mandar; se o
dever lhe impõe usar da autoridade, é com prudência que a ela recorre.
Dos seus direitos só faz uso, quando o requer a glória de Deus e o bem
das almas. Se for necessário infligir castigo a um súdito, humilha-se em
espírito, tomando o último lugar entre os seus semelhantes, imitando o
exemplo dos Apóstolos, na direção daqueles que lhe são confiados. Se lhe
dão o direito de mandar, com São Paulo prefere dizer: “Pela amizade que
me tens, pelo coração e a mansidão de Jesus Cristo, eu te peço e
conjuro, se me tens amor, que faças isso”. Se as circunstâncias exigirem
uma repreensão ou um castigo, o superior nada fará sem meditar as
palavras do Apóstolo: “Se alguém cair em erro, vós que estais
iluminados, procurai instruí-lo no espírito de mansidão; levai antes de
tudo em consideração vossa própria fraqueza, para que não vos venham
tentações”. Superiores, pais e mães de família, que procederem sempre
assim, deixando-se guiar pelo espírito de humildade e caridade,
conquistarão os corações, destruirão o pecado e confirmarão a virtude.
Os superiores, pais e mães de família que se queixam de desobediência,
de falta de respeito e desregramentos dos súditos, devem antes levantar
acusações contra si mesmos e examinar-se a si próprios. Quem não
aprendeu a ganhar os corações, como Jesus Cristo os ganhava, pela
bondade e caridade, e pelo contrário os repele, pelo modo áspero com os
trata, não deve acusar se não a si próprio. A caridade concilia, agrada,
cativa; o rigor, a aspereza e arrogância vexa e irrita, indispõe. “É
este o meu mandamento, diz Nosso senhor, que vos amei”. A caridade de
Cristo tinha três qualidades preciosíssimas: era meiga, benevolente e
universal.
2. O
nome de Gregório Magno se acha intimamente ligado ao canto sacro. Nada
nos obriga a ver nele um grande compositor de músicas litúrgicas; certo
é, porém, que pôs em ordem os numerosos cânticos litúrgicos, então
existentes: antífonas, responsórios, ofertórios, aleluias, tractus, etc.
É bem possível, senão muito provável, que tenha enriquecido com
composições de sua lavra, o grande tesouro musical, que encontrara. Ao
canto litúrgico foi dado subseqüentemente a denominação de canto
gregoriano, nome que lhe ficou, sendo-lhe próprio até os nossos dias.
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segunda-feira, julho 22, 2013
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